domingo, 23 de outubro de 2011

UMA IGREJA PRÓDIGA EM UM MUNDO PRÓDIGO

Quem fizer um exame geral da igreja hoje ficará a perguntar-se quanto tempo o nosso Deus santo ainda vai-se segurar para não vomitar essa Laodicéia de sua boca. Se há uma coisa em que todos os pregadores estão de acordo é que esta é a era da Igreja de Laodicéia.
E apesar de estar suspensa sobre nossa cabeça a espada de Dâmocles da rejeição divina, nós, os crentes, somos preguiçosos, amantes das comodidades, e sem amor. Pois embora nosso misericordioso Deus perdoe nossos pecados, purifique nossa iniqüidade e se compadeça de nossa ignorância, o fato é que nosso coração morno é uma abominação para ele. Temos de ser quentes ou frios, ardorosos ou congelados; ou estamos ardendo de fogo espiritual, ou somos refugo. Deus abomina a falta de amor e de calor.
Nos dias atuais, Cristo está sendo “ferido na casa de seus amigos”. O livro de Deus hoje “sofre” mais nas mãos de seus expositores do que nas de seus opositores.
Somos descuidados no emprego de textos das Escrituras, interpretamo-los de forma distorcida, e lenta demais para nos apropriarmos de suas incomensuráveis riquezas. Um pregador defende a inspiração da Bíblia com fala eloqüente e espírito fervoroso, usando todo o seu vigor e energia. Mas, instantes depois, esse mesmo pregador, com uma calma mortal, começará a racionalizar essa mesma Palavra inspirada, com declarações contundentes:
“Esse texto não tem aplicação em nossos dias”.
E assim a fé ardorosa de um crente novo se esfria com um jato de água gelada que vem da incredulidade do pregador.
Somente a igreja pode “agravar o Santo de Israel”, e em nossos dias ela demonstra uma habilidade incomum nisso. Se existem níveis de morte espiritual, então o nível mais baixo que conheço é pregar sobre o Espírito Santo sem ter a unção do Espírito. Quando oramos, cometemos a imperdoável arrogância de suplicar que o Espírito venha a nós com sua graça — mas não com seus dons.
Vivemos dias em que o Espírito tem sido reprimido ou relegado a segundo plano, até mesmo nos círculos fundamentalistas. Precisamos declarar que queremos ver cumprida a escritura de Joel 2. Pode ser que até clamemos:
“Derrama teu Espírito sobre toda carne, Senhor!”
Mas, ao mesmo tempo, colocamos aí uma cláusula não expressa:
“Mas não deixe que nossas filhas profetizem, nem que nossos jovens tenham visões”.

“Ó Deus, se em nossa cultivada incredulidade e nesse nosso crepúsculo teológico e impotência espiritual temos entristecido e continuamos a entristecer o Espírito Santo, então, por misericórdia, vomita-nos da tua boca. Se não puderes fazer nada por nosso intermédio nem em nós, então, ó Deus, faze-o sem nós! Passa de largo por nós e assume para ti um povo que hoje não te conhece. O salva, santifica-o e reveste-o com o poder do Espírito Santo para realizar um ministério na esfera do sobrenatural! Depois envia-o ao mundo “formosos como a lua, puros como o sol, formidáveis como um exército com bandeiras” para reavivar esta igreja enferma que está aí, e abalar este mundo que se acha atolado no pecado”.
Pensemos um instante no seguinte: Deus não tem mais nada para nos dar. Ele já deu seu Filho unigênito para salvação dos pecadores; colocou a Bíblia ao alcance de todos os homens; enviou o Espírito Santo para convencer o mundo do pecado e revestir a igreja de poder. Mas de que vale um talonário de cheques se todos eles estiverem em branco, sem assinatura? Da mesma forma, que valor tem um culto, mesmo que seja de uma igreja fundamentalista, se o Deus vivo não estiver presente a ele?
Temos que saber manejar corretamente a Palavra da verdade. O versículo “Eis que estou à porta e bato” (Ap 3.20), não é dirigido a pecadores por um Salvador que aguarda permissão para adentrar o coração. Não. A figura aí é da triste imagem do Senhor à porta da Igreja de Laodicéia, querendo entrar nela. Imagine só tal situação! O texto mais lido nas reuniões de oração é: “Porque onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, ali estou no meio deles”. Mas na maioria dos casos ele não está no meio; está à porta. Cantamos louvores a ele, mas rejeitamos sua Pessoa.
Pegamos uma porção de comentários, e nos apoiamos nas notas de margem de nossa Bíblia, e assim como que nos imunizamos contra as ardentes verdades da imutável Palavra de Deus.
Não me espanto muito com a paciência que Deus tem com os pecadores, com homens de coração endurecido. Afinal, qualquer um tem paciência com uma pessoa cega e surda. E os pecadores nada mais são que cegos e surdos. Mas fico abismado com a paciência que ele tem com essa igreja egoísta, entorpecida, preguiçosa de hoje. O grande problema de Deus é que o mundo pródigo convive com uma igreja pródiga.
Ah, que crentes cegos, falidos e arrogantes somos! Estamos nus e não nos damos conta disso. Somos ricos (nunca a igreja teve tanto equipamento), mas na verdade somos pobres (nunca o nível de poder esteve tão baixo). Não nos falta nada (e, no entanto, falta-nos quase tudo que a igreja apostólica possuía). Será que ele está em nosso meio quando nos divertimos sem qualquer constrangimento, em nossa nudez espiritual?
Ah, como precisamos do fogo! Onde está o poder do Espírito Santo para derrubar os pecadores e encher nossos altares de convertidos? Hoje as igrejas estão mais interessadas em instalar seus aparelhos de ar condicionado, do que se condicionar para orar. “Porque o nosso Deus é fogo consumidor”. Deus e fogo são imagens inseparáveis; assim também são o homem e o fogo. Cada um de nós está trilhando um caminho de fogo: fogo do inferno para o pecador e fogo do juízo para o crente. E infelizmente milhões de pecadores irão experimentar o fogo do inferno porque a igreja perdeu o contato com o fogo do Espírito Santo.
Moisés recebeu seu chamado por meio do fogo. Elias invocou fogo do céu. Eliseu acendeu um fogo. Miquéias profetizou sobre a purificação pelo fogo. João batista afirmou: “Ele vos batizará com o Espírito Santo e com fogo”. E Jesus disse: “Eu vim para lançar fogo sobre a terra”. Se nós tivéssemos com batismo de fogo a mesma preocupação que temos com o das águas, conheceríamos uma Igreja em chamas e experimentaríamos outro Pentecostes. A velha natureza pode querer escapar ao batismo nas águas, mas certamente o batismo de fogo a destruirá, pois ele “queimará a palha em fogo inextinguível”.

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