Orar
certo é estar certo, agir certo e viver certo. Tudo que impede oração impede
santidade. Quando tudo que nos impede de orar certo for removido, o caminho
estará aberto para um rápido avanço na vida espiritual. Se pudéssemos contar,
dia por dia, as orações que não alcançam resultado algum, que não beneficiam o
homem, nem influenciam a Deus, ficaríamos pasmados ao ver os números. Precisamos
de homens e mulheres que possam alcançar a Deus e receber amplamente das suas
reservas inesgotáveis. A igreja é profundamente afetada pelo materialismo da
sua época. Os interesses da terra excluem os do céu, o tempo eclipsa a
eternidade, um ousado e ilusório humanitarismo destrói a adoração, e a
compreensão essencial de Deus é deturpada. Homens e mulheres que saibam orar, e
que possam projetar Deus e suas divinas instituições na terra com eficiência
redentora, são nossa única saída. A igreja poderá caminhar com triunfo às suas
conquistas finais sem possuir riqueza, tendo que enfrentar pobreza ou desprezo,
ou sendo desacreditada pelo mundo e rejeitada pela cultura e sociedade; mas sem
homens e mulheres que saibam orar, não conseguirá derrotar nem o inimigo mais
frágil, nem ganhar um único troféu para seu Senhor. Pode fechar seus redutos de
aprendizagem, seus oradores eloqüentes podem ser silenciados para sempre, mas
suas orações serão ainda mais potentes do que seu conhecimento ou eloqüência, e
lhe assegurarão as mais gloriosas conquistas. Ela pode perder tudo, menos a
oração da fé, e isto lhe será mais poderosa do que a vara de Arão para criar
agências ou ministérios eficazes e gerar resultados tremendos. Por trás de um
ministério santo e cheio de zelo e paixão tem de haver oração que prevalece, e
que traga consigo um glorioso Pentecoste.
Pecado Impede Oração
"Se
eu no coração contemplara a vaidade, o Senhor não me teria ouvido" (Salmo
66.18). Os pecados do coração que não são rejeitados, ou que não estamos
lutando para vencer, interrompem a oração. Oração não pode fluir do coração que
nutre ou protege o pecado, que abriga pecado de qualquer espécie. O pensamento
rebelde ou insensato é pecado; o olhar de cobiça ou lascívia do coração é
pecado. Temos de clamar a Deus de um coração puro. "Mãos santas"
devem ser levantadas em oração. Uma mancha na mão é tão fatal para impedir a
oração quanto o pecado no coração. A pessoa que ora precisa estar certa no seu
coração, mas suas ações também precisam estar certas. Guardar os mandamentos de
Deus e fazer o que lhe agrada nos dá segurança de que receberemos o que
pedirmos dele. Pecados escondidos, ocultos por parcialidade ou por hábito,
retidos por indulgência, contemporização, ou ignorância deliberada; estas
coisas, como o lagarto no botão ou veneno no sangue, destruirão a flor e a vida
da oração.
O
orgulho em alguma forma é inerente a todos nós. Nenhuma criatura tem tantas
razões para ser humilde quanto o homem; nenhuma, possivelmente, possui tantas
fontes de orgulho. O orgulho destrói a humildade, gera vaidade, transfere fé em
Deus para fé em si mesmo. Existe no orgulho tal senso de estar completo em si
mesmo que destrói a base da oração. Sua sensação constante é: "Estou cheio
e não preciso de mais nada". O orgulhoso ora, talvez até regularmente, mas
é oração de fariseu, um desfile do ego, um catálogo de bondade própria. O
orgulho se esconde sob o disfarce de gratidão a Deus, louvando a Deus usando
incenso do altar do ego. O orgulho se manifesta no desfile das nossas obras
religiosas, na exibição de realizações, sejam religiosas ou não. A oração
precisa nascer lá de baixo. O orgulho procura os lugares mais altos, e nunca
pode ser encontrado nos lugares humildes onde a oração é incubada. As asas da
oração devem ser cobertas de pó. O orgulho despreza o pó da humildade, e cobre
suas asas com o brilho e ouro do ego. O vazio da vaidade, o egoísmo de
pensamentos centrados em si mesmo e de conversas que exaltam a própria pessoa
são todos empecilhos à oração, porque declaram a presença do orgulho. Deus, de
acordo com o apóstolo, resiste ao orgulho, e dispõe todos seus exércitos contra
ele.
Um Espírito Que Não Perdoa
Nutrir
um espírito que não perdoa impede à oração. Vingança, retaliação, um espírito
inclemente, a ausência de tolerância, a falta de um espírito de misericórdia
plena e total para com todos que tiverem de qualquer forma ou em qualquer
medida nos prejudicado, impede a oração. Não avançaremos um centímetro enquanto
não reconhecermos estes sentimentos e não pudermos declarar com sinceridade:
"Perdoa-me, Deus, da mesma forma como perdôo aos outros". Quando
deixamos de aplicar misericórdia a todos os males que já foram praticados
contra nós, estamos automaticamente condenando nossa capacidade de orar. Podemos
orar com ira no nosso coração, mas este tipo de oração torna-se pecado. Todos
estão sujeitos diariamente a serem feridos naquelas áreas onde são mais
sensíveis. Porém, ter uma atitude de vingança ou desafeto para com a pessoa que
causou tal ferida, congela a capacidade de orar. O espírito de perdão é como o
espírito do evangelho, e este espírito precisa reinar no coração antes que a
verdadeira oração possa proceder dos lábios.
Discórdia no Lar
A
vida no lar, sua paz e união, afeta a oração. Discórdia no lar impede a oração.
O apóstolo exorta às esposas e aos maridos para viverem no mais puro amor e
mais doce união, para que suas orações não sejam impedidas. Confusão numa fonte
de águas quebra a serenidade da superfície, e o fluir calmo e pacífico da
corrente. Uma discórdia familiar quebra e separa todos os fios trançados que
formam a oração.
Um Espírito Mundano
Um
espírito mundano impede a oração. O mundo tem um efeito mais negativo sobre a
oração do que todas as águas poluídas e infestadas de um brejo teriam sobre a
saúde. Obscurece a visão para cima, anula os impulsos espirituais, e corta as
asas das aspirações. "Pedis e não recebeis, porque pedis mal, para
esbanjardes em vossos prazeres" (Tiago 4.3). Nossas cobiças, como
remanescente da mente carnal que ainda permanece em nós, são o elo que nos
prende ao mundo. São a cidadela, ou as fortalezas de fronteira, das quais nosso
inimigo, o mundo, ainda não foi expulso. Oramos, mas não recebemos porque o
mundo dentro de nós corromperia todas as respostas. Um coração puro, ou alguém
que anseie pela pureza, é o único que pode ser confiado com respostas à oração.
Enquanto nossas cobiças têm permissão para ficar, contaminam nosso alimento
espiritual. Inspiram e tingem todas nossas orações com desejos mundanos. Para
alcançar a Deus e receber algo dele, é absolutamente imprescindível que se
esteja morto para o mundo. Se quisermos que Deus abra seus ouvidos para nós,
precisamos ter nossos ouvidos fechados para o mundo. Um coração impregnado, ou
contaminado por mínimo que seja com o mundo, não conseguirá subir em direção a
Deus assim como uma águia com asas quebradas não consegue subir em direção ao
sol. O homem que Tiago descreve como uma onda do mar, impelido e agitado pelo
vento (Tg 1.6), é o homem de espírito mundano, cujas energias espirituais e
decisões são quebradas pelas influências e infusões do mundo. Ele tem ânimo
dobre, metade para Deus e metade para o mundo, ora para o céu, ora para a
terra. "Não suponha esse homem que alcançará do Senhor alguma coisa"
(Tiago 1.7). Falta de santidade, impaciência, ou qualquer outro espírito,
pensamento, sentimento ou ação que não esteja em harmonia com o Espírito de
Deus, impedirá a oração. Uma fé perturbada por dúvidas, ou que desfalece por
cansaço ou fraqueza, não alcançará resultados na oração. Os elementos que
enfraquecem os nervos e músculos espirituais para as grandes lutas impedirão a
oração. Precisamos de homens e mulheres que vivam onde todos os empecilhos à
oração foram removidos – pessoas cuja visão espiritual foi inteiramente
purificada de névoas, nuvens e escuridão, guerreiros que tem carta branca de
Deus e nervos espirituais firmes para usar esta carta a fim de suprir cada
necessidade espiritual.
Extraído
de "Prayer and Revival"
(Oração e Avivamento) por E. M. Bounds com Darryl King. Copyright
1993 por Baker Book House Company, Grand Rapids, Michigan, E.U.A.
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