A sociedade está sendo inundada por uma avassaladora maré de
transgressão à lei de Deus, de desobediência ao Senhor, de uma iniqüidade que
destrói a alma humana. Hoje, as massas humanas estão vendendo a alma ao diabo a
preços vis, e de uma forma até então nunca vista. “Já ninguém há... que se
desperte, e te detenha” (Is 64.7). Que “quebranto” infernal é esse que os
aprisiona? Por que tal fascínio os prende? Quem lhes aplicou essa lavagem
cerebral? Por que não despertam e reagem?
Parece que o mundo, sob a direção do diabo, deu uma nova
injeção de força à carne. Um dos sinais dos últimos dias é que os homens seriam
mais “amigos dos prazeres que amigos de Deus”. (Observemos que prazeres está no
plural.) E onde é que se prepara essa iguaria do inferno? Nas destilarias do
mundo. O argumento de que em alguns casos os governos das nações subsidiam
essas indústrias para que mantenham alta a oferta de empregos é muito fraco. As
destilarias são perfeitas “creches” onde se nutrem assassinos que andam por aí
portando armas, ou em seus automóveis, dirigindo embriagados. Nos tribunais
julga-se o fruto da bebida; o avivamento aniquilaria essa planta mortal
pela raiz.
O louco carrossel da sensualidade acha-se carregado de
milhões e milhões de jovens que aguardam sua iniciação na prática da
iniqüidade. Quando o erro é apresentado como algo tão agradável, a juventude
pecaminosa e libertina não se interessa em praticar o bem. Por uma hora dessa
vida “maravilhosa”, dizem eles, vale muito a pena arriscar essa especulação que
os teólogos chamam de “eternidade”.
Pensemos por um instante. Pode haver burrice maior ou prática
mais animalesca do que um concurso de cerveja? O vencedor é aquele que ainda
permanece de pé depois que todos os outros, grunhindo como porcos, já caíram no
chão, inconscientes pela bebida. É uma competição praticada não apenas pelo
homem das cavernas, mas também pelos novos intelectuais, que se acham
fisicamente saciados, de alma manchada e irremediavelmente entregues à iniqüidade.
Se a igreja tivesse algo de mais vivo, positivo para
apresentar a essas pessoas que de dia estão nos clubes recreativos e de noite
nas boates, talvez elas pudessem ser afastadas desses locais de carnalidade.
O de que precisamos nesta hora é corações fervorosos, olhos
que choram e lábios dispostos a propagar o evangelho. Se tivéssemos um décimo
da espiritualidade que julgamos ter, aos domingos as ruas de nossas cidades
ficariam cheias de filas de crentes marchando para Sião, com “pano de saco e
cinzas”, lamentando a calamidade que fez com que a igreja se tornasse essa
coisa sem beleza, sem ardor e improdutiva que hoje é. Se chorássemos em nosso
aposento de oração como choram os judeus no Muro das Lamentações em Jerusalém,
estaríamos vivendo um constante avivamento, uma constante renovação de vida. Se
retomássemos a prática dos apóstolos — de esperar no Senhor a vinda do poder
apostólico — teríamos condições de sair a pregar o evangelho com as mesmas
possibilidades apostólicas. Mas nestes dias a maior preocupação nossa é: “Estão
todos satisfeitos?” O propósito de Deus para nós não é que experimentemos
felicidade, mas santidade. O fato, porém, é que a sensatez deu lugar à insensatez,
embora Paulo, escrevendo a Tito, tenha recomendado tanto a jovens como a
velhos: “Sejam sensatos”.
Não há dúvida de que hoje precisamos novamente nos pôr de
joelhos e escalar a colina do Calvário assim, em oração, e contemplar a cruz
com atitude de humildade e adoração. Primeiro a igreja terá que se arrepender,
depois o mundo se quebrantará. Primeiro, a igreja terá que chorar; depois, os
altares ficarão cheios de pecadores arrependidos.
Quando o psicólogo William James, professor da faculdade de
medicina da Universidade de Harvard, encontrava-se no auge de sua atuação, foi
acometido de uma misteriosa enfermidade. Estava com os nervos abalados. Sofria
de insônia e passava por profunda depressão. Mas não sabia o que fazer para se
curar. Foi para a Europa. Será que encontraria a cura em Berlim? Mas ali ele
não encontrou nenhuma esperança. E que tal Viena? A mesma coisa. Será que em
Paris não acharia a solução de seu mal? Mas ali também não se encontrava o
remédio para ele.
Seu desespero foi aumentando. Foi a Londres, e depois à
Escócia, mas em nenhum lugar havia cura. Voltou para os Estados Unidos, com a
idéia de suicídio a passar-lhe pela mente. Afinal, alguém lhe recomendou um
homem que orava por enfermos. A cura divina era um anátema para William James,
famoso filósofo e psicólogo. Sua mente privilegiada e todo o seu conhecimento
intelectual protestavam contra tal recurso. Mas não havia outra saída. Foi.
Então aquele crente simples, iletrado, impôs as mãos sobre a cabeça do filósofo
e orou. Mais tarde, James relatou o seguinte:
“Senti uma energia misteriosa perpassar meu corpo, e logo
depois me sobreveio enorme sensação de paz. Compreendi que fora curado”.
Mas parece que, quando se trata de curar a enfermidade
maligna deste mundo louco, o Abana da ciência e o Farfar da política são bem
mais interessantes para nós, com nossa vontade obstinada e nosso intelecto desvirtuado,
do que a cruz de Cristo. O fato porém é que, se quisermos ver a restauração da
humanidade, teremos que ser humildes como foi William James, e voltar à cruz de
Jesus e ao seu poderoso sangue.
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