sexta-feira, 21 de outubro de 2011

FOGO PRODUZ FOGO

Quem quiser ter uma vida de oração precisa ser de aço, pois será atacado por Satanás antes mesmo de começar a tentar atacar o reino dele.

Se ao orar nos limitarmos a apresentar uma lista de pedidos diante do Rei do universo, estamo-nos restringindo à menor de todas as facetas dessa prática tão complexa. Mas, como todos os outros aspectos da vida cristã, ela pode estar em desequilíbrio em nossa vida. Não devemos, por exemplo, substituir o trabalho pela oração; assim como esta não pode ser substituída pelo trabalho. Em sua obra The Weapon of Prayer (A oração como arma), ainda pouco conhecida, E. M. Bounds diz o seguinte: “É melhor negligenciar o trabalho do que a oração”. E afirma também: “Os mais eficientes agentes na disseminação do conhecimento de Deus na terra, na realização de sua obra e na resistência às avassaladoras ondas do inferno foram os líderes que oraram. Deus depende desses homens, usa-os e os abençoa”.
Não há dúvida de que se o avivamento tarda é porque a oração está sendo negligenciada. Nada atemoriza mais Satanás e o inferno do que o crente que ora.
Pela sua própria natureza, o fogo só é produzido por fogo. Se houver perto dele uma substância combustível, o fogo só propagará o mesmo elemento, fogo. “Vede como uma fagulha põe em brasas tão grande selva!” (Tg 3.5b). Uma chama de fogo nunca poderá produzir gelo. Assim também o diabo nunca produzirá homens santos. Pastores que não oram nunca poderão reproduzir guerreiros da intercessão. E no entanto uma fagulha que escape de uma bigorna pode incendiar toda uma cidade. Com uma vela só podem ser acesas dez mil. A partir da vida de oração que David Brainerd levou iluminaram-se outros brilhantes astros áo firmamento do evangelismo, como William Carey, Payson e outros.
É chegado o conflito das eras. Essa coisa distorcida, antibíblica que leva o nome de “igreja”, mas que se mistura com o mundo e desonra aquele a quem ela diz ser seu Senhor, já foi desmascarada; é uma fraude. A verdadeira igreja nasce dos céus. Nela não há pecadores, e fora dela não há salvos. Ninguém pode colocar o nome de outrem em seu rol de membros, nem tampouco pode riscar aquele que lá estiver registrado. Essa igreja — da qual, graças a Deus, ainda existe um remanescente no mundo — vive, move-se e existe na oração. Orar é o sincero desejo de sua alma.
E assim como a primeira bomba atômica lançada no mundo abalou Hiroshima, assim também somente a oração pode sacudir o coração dos homens. Esse paganismo civilizado que vemos por aí, esses templos de ídolos, esses milhões de pecadores hipnotizados pelo pecado, dominados pelo pavor, só poderão voltar-se para Deus se a igreja for movida por Deus a atentar para a condição de perdição em que se encontram. O diabo procura arrancar-nos do aposento da oração lançando mão de todos os artifícios que conhece. Pois ele sabe que pela oração o homem se une a Deus, e essa união perturba e derrota Satanás. E ele está bem ciente disso. Portanto, se ele conseguir afastar-nos da oração, nossa mente será dominada por interesses legítimos ou por questões importantes para nós. É aí então que precisamos apelar para o nosso principal defensor, o sangue de Cristo. Outra maneira de se resolver o problema da divagação do pensamento é orar em voz alta ou murmurar algumas palavras, mesmo que em tom baixo.
Depois de conseguir domínio sobre Satanás, nosso trunfo seguinte se encontra nas “preciosas e mui grandes promessas” de Deus. Firmados nelas, achamo-nos pisando numa base de concreto espiritual; por elas temos acesso ao céu. Por elas Deus se compromete a abençoar-nos, e mostra-se desejoso de ouvir nossas petições, com as quais o honramos por nossa fé. Por elas, travamos uma batalha espiritual, não com Deus, mas contra os principados e potestades, pois Satanás, como qualquer outro ser, também não gosta de perder. E o tesouro dele são vidas humanas. Todos aqueles que se encontram fora do poder regenerador do Espírito Santo — incrédulos, condenados, desobedientes, embriagados, doentes, religiosos, jovens ou velhos — estão debaixo do domínio dele, embora o grau de domínio que ele exerce varie bastante de um para outro. E o principal alvo de seus dardos inflamados são os salvos, nos diversos níveis da escala espiritual. Mas com o “escudo da fé” poderemos apagá-los, e, graças a Deus, sair desse embate incólumes. A oração não é nossa arma de defesa; é o escudo da fé que utilizamos para isso. A oração é nossa arma secreta. (E parece que ela é secreta mesmo para muitos dos filhos de Deus. Na verdade, apesar de tudo que já lemos, quem pode dizer que sabe muita coisa sobre essa importante prática que é a oração?) Mas não é pela oração que derrotamos Satanás; Cristo já o derrotou há dois mil anos. Todavia o diabo nos engana e nos desafia, e muitas vezes aceitamos suas ameaças e nos esquecemos da “suprema grandeza do seu poder para com os que cremos” (Ef 1.19). Jesus, aquele que orou como nenhum outro, diz: “Eis aí vos dei autoridade sobre... todo o poder do inimigo” (Lc 10.19). Essa é nossa vitória. Na oração, a alma é liberada. A verdadeira oração consome muito tempo. Nos primeiros estágios, temos a impressão de que o relógio está-se arrastando. Mas depois, quando nos acostumamos mais com essa santa prática, o tempo voa. A oração torna nossa alma mais sensível. Observe que nunca oramos pelas pessoas de quem falamos mal; e nunca falamos mal daqueles por quem oramos. A intercessão é um poderoso “detergente”. Estou bem ciente de que o grande purificador da alma é o sangue de Cristo. Mas é quando estamos em oração que, se tivermos algum pecado, ele opera uma purificação eficaz por meio do Espírito.

Satanás não se importa se aumentarmos nosso conhecimento da Palavra de Deus, desde que não nos dediquemos à oração, o que nos impulsionaria a pôr em prática as instruções que recebemos pela leitura da Palavra. De que vale um conhecimento profundo, se nosso coração não tem profundidade espiritual? De que adianta termos uma boa posição perante os homens, se não a temos diante de Deus? De que vale a higiene do corpo, se nossa mente e espírito estão sujos? De que adianta possuirmos uma fachada de religiosidade se nosso coração é carnal? Por que nos orgulharemos de força física, por exemplo, se espiritualmente somos fracos? De que vale a riqueza do mundo se vivemos em pobreza espiritual? Que prazer pode ter na popularidade social aquele que é desconhecido no inferno? Pois a oração conserta todos esses desajustes espirituais.
Aquele que não deseja ser envolvido por esse falso conceito de espiritualidade de nossos dias precisa fortalecer-se mediante uma comunhão mais íntima com Deus, e adotar uma mentalidade mais calma e mais de acordo com os padrões celestiais. Quem deseja possuir a riqueza espiritual e quer ser ouvido por Deus, certamente experimentará muita solidão e comerá o pão da amargura. Ele pode receber ou não muita oposição social e familiar. Mas uma coisa é certa: terá muito conflito interior, buscará o recolhimento (que pode gerar mal-entendidos), e é possível que até os melhores amigos se afastem. Quando duas pessoas se amam gostam de ficar a sós uma com a outra, e em solidão é que se gozam os momentos de maior enlevo espiritual.

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