quinta-feira, 27 de outubro de 2011

GERANDO FILHOS ESPIRITUAIS


É imprescindível que tenhamos um avivamento, pois as portas do inferno estão escancaradas para esta geração depravada. Precisamos de um avivamento (e dizemos que o queremos). Entretanto, apesar de os crentes superficiais de hoje quererem que os céus se abram e Deus derrame um despertamento sobre nós de forma mecânica, a verdade é que ele não mecanizou seu glorioso poder, para ajustá-lo ao maquinário religioso de hoje, que funciona a poder de relógio.
Mas, meu irmão, o avivamento não chegou ali apenas porque eles o queriam. É verdade que os céus se abriram, e uma poderosa visitação do poder de Deus abalou aquelas ilhas, mas isso se deu porque “homens comuns se dedicaram ao jejum e à oração”. Além disso, colocaram-se perante o trono de Deus, e esperaram em lágrimas, e lutaram. E a visitação veio porque Aquele que procurou uma jovem pura para ser a mãe de seu Filho amado, encontrou ali um povo de alma pura, com visão espiritual e grande fervor. Um povo que não orava com segundas intenções. Suas petições não tinham o objetivo de resgatar da vergonha uma denominação fracassada. O alvo deles era tão-somente a glória de Deus. Não tinham ciúmes de outros grupos denominacionais que estivessem crescendo mais que eles; ansiavam é pelo Senhor dos Exércitos, cuja glória estava jogada na lama, cuja casa estava com os muros “derribados, e suas portas queimadas a fogo”.
Não basta ser uma igreja fundamentalmente bíblica para que o Espírito Santo seja atraído para ela. Amados, existem milhares de igrejas assim na terra. Uma jovem e um jovem de dezessete anos podem se achar biologicamente preparados para gerar um filho, e podem até estar casados, mas isso por si só não justifica a geração da criança. É preciso ver se eles teriam segurança financeira para cuidar de todas as necessidades que surgissem. E será que se encontram suficientemente amadurecidos para criar o menino no caminho em que deve seguir? Se houvesse um avivamento em certas igrejas “bíblicas”, ele acabaria em uma semana, pois onde estariam as mães em Israel para cuidar dos bebês em Cristo? Quantos de nossos crentes sabem tirar uma pessoa das trevas e conduzi-las para a luz? (Na condição em que algumas igrejas estão, seria desastroso confiar-lhes novos-convertidos; seria o mesmo que colocar um recém-nascido dentro de um congelador.)
O nascimento de uma criança é precedido de meses de esforço, em que a mãe carrega seu peso, e pelo penoso trabalho de parto. O nascimento de um filho espiritual também é assim. Jesus orou por sua igreja, mas, depois, para que ela nascesse, ele teve de entregar a própria vida. Também Paulo orava “noite e dia, com máximo empenho” pela igreja. Mas não só isso; ele sofreu o trabalho de parto em relação a pecadores. E Sião só deu à luz filhos quando passou pelas dores do parto. E embora hoje muitos pregadores estejam por aí clamando: “Importa-vos nascer de novo”, quantos deles poderiam dizer o mesmo que Paulo: “Porque ainda que tivésseis milhares de preceptores em Cristo, não teríeis, contudo, muitos pais; pois eu pelo evangelho vos gerei em Cristo Jesus”. Então ele os gerou na fé. Ele não diz apenas que orou por eles, mas dá a entender que sofreu a dor do parto por eles. Se o número de nascimentos físicos fosse igual ao de nascimentos espirituais, a raça humana estaria hoje quase extinta. Costumamos dizer que “para viver a vida cristã é preciso orar muito”. Mas a verdade é que, para orar de fato, é preciso viver a vida cristã. “Se permanecerdes... pedireis” (isto é, orareis). Estou ciente de que orar pela salvação de nossos entes queridos está incluído em “pedir”, claro. Mas orar não é só pedir. Certamente orar é nos colocar em posição de submissão ao Espírito Santo para que ele possa operar em nós, e por nosso intermédio. Lemos no primeiro capítulo de Gênesis que todos os seres vivos geravam outros segundo a sua espécie. E na regeneração também aquele que é nascido de novo deve gerar outros.
Nós, os evangelistas, acabamos ficando com méritos que não são nossos. Sei de uma senhora crente na Irlanda que está sempre orando por este pobre pregador. E muitos outros estão sempre me dizendo: “Tenho intercedido a Deus pelo irmão todos os dias”.
Foram eles que geraram muitos dos salvos que são creditados à minha pessoa. Na verdade, em muitos casos, eu apenas atuo como uma espécie de parteiro. No dia do juízo veremos crentes desconhecidos receberem um maravilhoso galardão. Às vezes penso que nós, os pregadores, que estamos sempre aparecendo perante o público, estaremos entre os que serão menos galardoados. Conheço, por exemplo, alguns que hoje pregam sermões que pregaram há vinte anos, e que não servem mais para gerar filhos espirituais. Esse tipo de pregador é dos que oravam, e não oram mais. Faz algum tempo um deles me confessou: “Não, irmão. Hoje não oro mais o quanto orava antigamente, mas sei que Deus compreende minha situação”.
É; ele compreende sim; mas não nos justifica, pois se não oramos é porque estamos por demais atarefados; mais do que ele quer que estejamos.
É verdade que a ciência conseguiu minorar em muito o sofrimento de um parto hoje, em relação ao que nossas mães enfrentaram. Mas ela nunca conseguirá reduzir a duração dos longos meses de espera, necessários para a criança ser formada. E assim também, nós, os pregadores, tentamos criar métodos mais fáceis para levar os perdidos à conversão e os crentes a uma experiência com o Espírito. Basta que o pecador levante a mão, no lugar onde está, e imediatamente está salvo. Dessa forma, eliminamos a contrição perante o altar de Deus. E depois, para que uma pessoa seja cheia do Espírito, dizemos: “Fique de pé no seu lugar, e o evangelista irá orar por você, e assim será cheio do Espírito”.
Ah, que vergonha! Meu irmão, para que ocorra o milagre, para que haja um verdadeiro avivamento e uma alma seja regenerada é preciso trabalho de parto.
Assim como na gravidez a criança em desenvolvimento causa perturbações no corpo da mãe, assim também o “corpo” do avivamento que cresce na igreja causa perturbações nela. A mulher que aguarda o nascimento de um filho se cansa mais à medida que o dia se aproxima (e muitas vezes passa noites em claro, e derrama lágrimas). Assim também, muitas vezes, os intercessores sentem o peso das iniqüidades da nação, e derramam a alma perante Deus em favor dela altas horas da noite. Há casos em que a mulher grávida perde a vontade de alimentar-se, ou é obrigada a abster-se de certos alimentos em benefício da vida que carrega no ventre. Assim também os crentes que se sentem envergonhados com a esterilidade da igreja fazem jejuns e são levados, por um grande amor aos perdidos, a permanecer em silenciosa intercessão perante o Senhor. Da mesma forma como as mulheres, até certo tempo atrás, procuravam evitar aparecer em público quando se aproximava a hora do parto, também aqueles que sofrem a dor de parto pelos perdidos procuram o recolhimento para buscar a face do Deus santo.

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