Ah, se os crentes pudessem estar cônscios da eternidade! Ah,
se pudéssemos viver cada momento sob o olhar de Deus, se pudéssemos
viver tendo sempre em mente o juízo final, e vender tudo que vendemos tendo em
mente o juízo final, e fazer todas as nossas orações, dar o dízimo de tudo que
possuímos, tendo em mente o juízo final; e se nós pregadores preparássemos
nossas mensagens com um olho voltado para a humanidade perdida e outro para o
trono do juízo final, então experimentaríamos um avivamento operado pelo
Espírito Santo que abalaria esta terra, e que em pouco tempo salvaria milhões e
milhões de vidas preciosas.
A baixa moralidade prevalente hoje em dia, bem como as
tentativas das diversas seitas e cultos de dominar o mundo, deveriam deixar-nos
alarmados. Alguém já disse, e com muita razão, que existem apenas três tipos de
pessoas no mundo hoje: os que têm medo, os que não conhecem a realidade o
suficiente para chegar a ter medo, e os que conhecem a Bíblia. Sodoma — onde
não havia Bíblia, nem pastores, nem folhetos, nem reuniões de oração, nem
igrejas — pereceu. Como será que os Estados Unidos e a Inglaterra vão escapar
da ira de Deus? Aqui temos milhões de bíblias, centenas de milhares de igrejas,
um sem número de pregadores — e quanto pecado!
Os homens constroem nossos templos, mas não entram neles;
imprimem bíblias, mas não as lêem; falam de Deus, mas não crêem nele; conversam
a respeito de Cristo, mas não confiam nele para sua salvação; cantam nossos
hinos, mas depois os esquecem. Onde é que vamos parar com tudo isso?
Em quase todos os seminários de estudos bíblicos hoje a
igreja atual é descrita nos termos da carta aos efésios. Afirma-se que, apesar
de toda a nossa carnalidade e pecado, estamos sentados com Cristo nos lugares
celestiais. Que mentira! Somos efésios, sim, mas da Igreja de Éfeso do
Apocalipse, aquela que abandonou o seu "primeiro amor". Fazemos
concessões ao pecado em vez de fazermos oposição a ele. E nossa sociedade
licenciosa, libertina, leviana nunca se curvará diante dessa igreja fria, carnal,
crítica. Paremos de ficar procurando desculpas para nosso fracasso. A culpa
pelo declínio da moralidade não é do cinema e da televisão. A culpa pela atual
corrupção e depravação internacional é toda da igreja. Ela não é mais um
espinho nas ilhargas do mundo. E não foi nos momentos de popularidade que a
verdadeira igreja triunfou, mas, sim, nas horas de adversidade. Como podemos
ser tão ingênuos a ponto de pensar que a igreja está apresentando aos homens o
padrão estabelecido por Jesus no Novo Testamento, com esse baixo padrão de
espiritualidade que ela ostenta.
Por que tarda o avivamento? A resposta é muito simples. Tarda
porque os pregadores e evangelistas estão mais preocupados com dinheiro, fama e
aceitação pessoal, do que em levar os perdidos ao arrependimento.
Tarda porque nossos cultos evangelísticos parecem mais shows
teatrais do que pregação do evangelho.
O avivamento tarda porque os evangelistas de hoje têm receio
de falar contra as falsas religiões.
Elias zombou dos profetas de Baal, e debochou da sua
incapacidade de fazer chover. Seria melhor que saíssemos à noite (como fez
Gideão), e derrubássemos os postes-ídolos dos falsos deuses, do que deixar de
realizar a vontade de Deus. As seitas anticristãs e as religiões ímpias desta
nossa hora final constituem um insulto contra Deus. Será que ninguém fará soar
o alarme?
Por que não protestamos? Se tivéssemos metade da importância
que julgamos ter e um décimo do poder que pensamos possuir, estaríamos
recebendo um batismo de sangue, tanto quanto recebemos de água e fogo.
As portas das igrejas da Inglaterra se fecharam para João
Wesley. E um de seus críticos disse que “ele e seus tolos pregadores leigos —
esses grupos de funileiros, garis, carroceiros e limpadores de chaminés — estão
saindo por aí a envenenar a mente das pessoas”. Que linguagem abusiva! Mas
Wesley não tinha medo nem de homens nem de demônios. E se Whitefield era
ridicularizado nas peças de teatro da Inglaterra da maneira mais vergonhosa
possível, e se os cristãos do Novo Testamento foram apedrejados e sofreram todo
tipo de ignomínia, por que será que nós, hoje em dia, não provocamos mais a ira
do inferno, já que o pecado e os pecadores continuam sempre os mesmos? Por que
será que somos tão gelados e enfadonhos? É bem verdade que pode haver muito
tumulto sem avivamento. Mas, à luz do ensino bíblico e da história da igreja,
não podemos ter avivamento sem tumulto.
O avivamento tarda porque não temos mais intensidade
e fervor na oração. Há algum tempo, um famoso pregador, ao iniciar uma
série de conferências, fez a seguinte declaração: “Vim para esta série de
conferências com grande desejo de orar. Agora peço àqueles que gostariam de
carregar junto comigo esse peso que ergam uma das mãos, e que ninguém seja
hipócrita”.
Um bom número de pessoas levantou a mão. Mas, lá pelo meio da
semana, quando alguns resolveram promover uma vigília, o grande pregador foi
dormir. Que hipocrisia! Já não existe mais integridade. Tudo é superficial. O
fator que mais retarda a vinda de um avivamento do Espírito Santo é essa
ausência de angústia de alma. Em vez de buscarmos a propagação do reino de
Deus, estamos fazendo mais propaganda. Que loucura! Quando Tiago (5.17) diz que
Elias “orou”, estava acrescentando um valioso adendo à biografia dele
registrada no Velho Testamento. Sem essa observação, ao lermos ali: “Elias
profetizou”, concluiríamos que a oração não fez parte da vida dele.
Em nossas orações ainda não resistimos até o sangue; não
mesmo. Como diz Lutero, “nem ao menos fizemos suar nossa alma”. Oramos com uma
atitude tipo “o que vier está bom”. Deixamos tudo ao acaso. Nossas orações não
nos custam nada. Nem mesmo demonstramos forte desejo de orar. Fica tudo na
dependência de nossa disposição, e por isso oramos de forma intermitente e
espasmódica.
A única força diante da qual Deus se rende é a oração.
Escrevemos muito sobre o poder da oração, mas ao orar não temos aquele espírito
de luta. Nós fazemos tudo: exibimos nossos dons espirituais ou naturais;
expomos nossas opiniões, políticas ou religiosas; pregamos sermões ou
escrevemos livros para corrigir desvios doutrinários. Mas quem quer orar e
atacar as fortalezas do inferno? Quem irá resistir ao diabo? Quem quer
privar-se de alimento, descanso e lazer, para que os infernos o vejam lutando,
envergonhando os demônios, libertando os cativos, esvaziando o inferno, e
sofrendo as dores de parto para deixar atrás de si uma fileira de pessoas
lavadas pelo sangue de Cristo?
Em último lugar, o avivamento tarda porque roubamos a
glória que pertence a Deus. Reflitamos um pouco sobre essas palavras de
Jesus: “Eu não aceito glória que vem dos homens”. “Como podeis crer, vós os que
aceitais glória uns dos outros, e contudo não procurais a glória que vem do
Deus único?” (Jo 5.41,44.) Chega de toda essa autopromoção nos púlpitos. Chega
de tanto exaltar “meu programa de rádio”, “minha igreja”, “meus
livros”. Ah, que repulsiva demonstração carnal vemos nos púlpitos: “Hoje, temos
o grande privilégio...” E os pregadores aceitam isso; não, eles já o esperam.
(E se esquecem de que só estão ali pela graça de Deus.) E a vaidade é
que, quando ouvimos tais homens pregar, notamos que nunca ficaríamos sabendo
que eram tão importantes, se não tivessem sido apresentados como tal.
Coitado de Deus! Ele não
está recebendo muita glória! Então, por que ele ainda não cumpriu sua terrível
mas bendita ameaça de que iria vomitar-nos de sua boca? Nós fracassamos;
estamos impuros. Apreciamos os louvores dos homens. Buscamos nossos próprios
interesses. Ó Deus, liberta-nos dessa existência egoística, egocêntrica! Dá-nos
a bênção do quebrantamento! O juízo deve começar por nós, pelos pregadores!
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